CRÔNICA: DESCOBERTAS (OU ANTES TARDE DO QUE NUNCA)

CRÔNICA: DESCOBERTAS (OU ANTES TARDE DO QUE NUNCA)

cabeca-ricchetti CRÔNICA: DESCOBERTAS (OU ANTES TARDE DO QUE NUNCA)

(Texto criado e escrito por José Luiz Ricchetti, inspirado em texto anônimo)

Quando eu tinha 15 anos achava que aqueles que tinham 10 anos eram infantis. Quando completei 18 anos descobri que os que tinham 15 eram infantis…

Foi então que comecei, aos poucos, a descobrir que a idade física não tinha nada a ver com nada. Tudo era uma questão de maturidade. 

Hoje as vésperas de completar 70 anos essa mesma maturidade me diz que nunca é bom prejulgar, nem prejudicar ninguém, por qualquer que seja o motivo. 

Nossos aprendizados vêm com a vida em si, independentemente da idade. Já encontrei gente velha que parece uma criança e crianças que se parecem com adultos experientes. 

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O acúmulo de anos nas costas só nos diz que essa experiência toda só é útil se soubermos aprender com os erros, fracassos e acertos desta vida. 

Essa vivência toda é que nos permite acumular fatores importantes que servirão para avaliar melhor as novas situações da vida, que nunca param de surgir na nossa frente, pois vivemos num mundo que nada mais é que uma grande escola.

Outra coisa que percebi, no decorrer desses anos todos, é que cada um tem a sua verdade e ela é sempre construída através das nossas próprias experiências.

Engraçado como gente leva mais da metade da vida para começar a entender um pouquinho de alguma coisa ou pelo menos perceber que a vida sempre nos coloca no seu devido lugar, quando a gente ousa, por algum motivo, achar que somos a melhor que alguém ou que somos a última Coca-Cola do deserto.

Já dizia Jung que ‘Sábio é aquele que sabe dizer não sei’. 

A vida, nas suas mais diversas fases e lugares, seja na vida escolar, na vida a dois, no lar, na criação dos filhos, no trabalho etc., sempre nos prega peças e nos diz: 

– Você não sabe nada!

Baseado nessas reflexões comecei a fazer um pequeno inventário das coisas mais relevantes que fui aprendendo no decorrer desta vida e à medida que avançava fui descobrindo o quão grande sempre foi o meu desconhecimento. Assim, 

Na infância, descobri:

– que a manga do vizinho era sempre mais gostosa

– que existia um outro mundo além do meu, o mundo adulto…

– que meus pais podiam dizer muito mais palavras do que eu

– que um chinelo podia fazer a gente aprender muita coisa…

– que se eu queria arrumar o mundo tinha que começar pela minha cama

Na adolescência, descobri:

– que só acontecia uma chamada oral quando eu não tinha estudado

– que era possível se apaixonar por várias garotas ao mesmo tempo.

– que os melhores amigos eram os mesmos que me colocavam em confusões

– que quando o corpo arrepiava e as mãos transpiravam meu coração agradecia

– que era melhor não sentar a mão no irmão menor, porque meu pai tinha a mão mais pesada…

Quando completei 18 anos, descobri:

– que se arrumava problemas na escola, em casa eles eram ainda maiores

– que os grandes problemas sempre começam pequenos

– que já não dava mais para se apaixonar por várias garotas ao mesmo tempo…

– que meus pais não possuíam todo aquele dinheiro que eu achava que tinham

Quando me casei descobri:

– que nunca devia elogiar a comida da minha mãe perto da minha mulher 

– que um erro cometido num segundo, podia ser eternamente lembrado

– que nunca se deve ir para cama sem resolver uma briga

– que quando saíamos sem as crianças, ficávamos o tempo todo falando delas 

– que as crianças e os avós sempre foram aliados absolutamente naturais

– que toda criança prefere ficar doente na véspera de um feriado prolongado

Com os amigos descobri:

– que é melhor ter sempre poucos do que nenhum

– que é mais fácil fazer um amigo do que se livrar dele

– que não é amizade quando alguém se afasta e não nos damos conta

– que nunca se conhece bem os amigos, até que se saia de férias com eles

– que amigo mesmo é aquele que fica feliz, quando percebe a sua felicidade

Na vida profissional descobri: 

– que quando chegava atrasado todo mundo chegava cedo

– que diretor não é necessariamente sinônimo de competente

  – que se não fracassamos, é porque não corremos muitos riscos 

– que se cuidamos bem dos funcionários eles cuidam bem dos clientes 

– que quando viajava não via a hora de voltar para o escritório 

– que quando estava no escritório não via a hora de viajar

– que um dos objetos mais importantes do escritório é a lata de lixo

– que se é urgente não quer dizer que precisa ser feito com pressa

– que o impossível é apenas uma palavra…

Quando passei dos 60 anos descobri: 

– que não podia mudar o que havia passado, mas podia deixar pra lá

– que a maioria das coisas com que me preocupei nunca aconteceram

– que as pessoas que dizem que o dinheiro não é tudo é porque têm ele sobrando 

– que se você espera se aposentar para começar a viver, você perdeu tempo demais 

– que quando as coisas vão mal, não é preciso ficar mal como elas 

– que envelhecer pode ser tão bom como o é para queijos e vinhos

– que amei muito menos do que deveria ter amado

– que falei mais e ouvi menos do que era preciso

– que sempre existe o que aprender em qualquer situação….

E finalmente, o mais importante, eu descobri que quanto mais eu sei, nada sei!

José Luiz Ricchetti – 28/05/2022

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Thiago Melego

Radialista e jornalista. Formado em administração de empresas, gestão de recursos humanos, MBA em negociação e vendas. Atualmente cursando Análise e Desenvolvimento de Software.

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