
Tenho na minha cabeceira um pequeno livro de textos, que invariavelmente, antes de dormir, abro aleatoriamente e leio.
Ontem à noite, antes de dormir foi assim, peguei o pequeno livro, abri numa página qualquer e lá estava uma pequena história sobre Mahatma Gandhi:

“A mãe trouxe seu filho ao Mahatma Gandhi e pediu:
- Por favor, Mahatma. Diga ao meu filho que ele pare de comer açúcar.
Gandhi fez uma pausa e disse: - Traga seu filho de volta em duas semanas.
Confusa, a mulher agradeceu e duas semanas mais tarde, retornou com seu filho.
Gandhi olhou o jovem nos olhos e disse: - Pare de comer açúcar!
Agradecida, porém muito inconformada, a mulher perguntou: - Mahatma, por que o senhor me pediu para trazê-lo depois de duas semanas?
O senhor poderia ter dito isso a ele, como fez agora, há duas semanas atrás.
Gandhi respondeu: - Há duas semanas atrás, eu estava comendo açúcar…..”
Ali naquele momento, fechei olhos e comecei a refletir sobre o texto, o que me levou a lembrar do meu velho e querido pai. Abrir naquela página não tinha sido por acaso….
Meu pai era um pai à moda antiga, e não costumava falar muito, pelo menos o meu pai era assim e acredito que a maioria dos que tem mais de cinquenta anos, também tem ou tiveram um pai de pouco falar. É característica de uma geração. Hoje estamos na geração do “pai amigo”, talvez seja até com certo exagero, mas isso fica para uma próxima reflexão.
Voltando ao texto sábio de Gandhi, ele ao ser solicitado, a dizer ao menino para não comer açúcar, percebeu que não poderia fazê-lo, sem que ele mesmo parasse de comer açúcar e então pede as duas semanas…. Isso se chama Exemplo!
Assim foram os anos que convivi com meu pai, nem sempre talvez, tenha ouvido dele o que precisa ouvir, mas descobri, muito mais tarde que seus exemplos de vida, de caráter e de comportamento, falaram por si só e foram a minha bússola durante os caminhos da vida.
Quando tive as minhas primeiras dificuldades na carreira, foi lembrando da trajetória de vida, que compreendi o real significado da frase: “Todos os caminhos estão errados quando você não sabe aonde quer chegar”. Isso me permitiu, rever planos e chegar aonde cheguei.
Sua maneira de se conduzir na vida, sempre me falou mais alto do que ele poderia ter me dito diretamente.
Foi através de seus exemplos que aprendi, entre outras coisas:
A dar muito valor aos amigos.
A fazer tudo com muito amor.
A sempre acreditar nos meus sonhos.
A viver cada dia da vida como se fosse o último.
A ajudar sempre os que não tiveram a mesma oportunidade.
Como o tempo é o senhor da razão, reflito hoje e até acho graça das várias visões que tive do meu pai ao longo das fases da minha vida:
- Na infância ele era o meu grande e único herói. -Ele sabia tudo!
- Na adolescência: tive a grande certeza. -Ele não sabia nada!
- Na fase adulta:- Ele não era o dono da verdade, mas tinha muita experiência.
- Na maturidade: -Ele era um sábio! Sabia muito mais das coisas do que eu jamais podia imaginar!
Graças à Deus, esses exemplos, que todos nós vivenciamos ao longo da vida de cada um dos nossos pais, estão todos ali armazenados na nossa memória, escondidinhos no nosso coração e forjados no nosso espírito.
Tenham a certeza, de que carregamos muito mais coisas, dos nossos pais, dentro de cada um nós, do que possamos sequer pensar.
Desejo, que neste dia dos pais, cada um de nós pais, reflitamos sobre quais são os exemplos que queremos deixar marcados no espírito de cada um dos nossos filhos.
Feliz dia dos Pais a todos!
José Luiz Ricchetti 08/08/2018