Invertendo a vida, por José Luis Ricchetti

As vezes a perda de alguém próximo nos faz refletir sobre a vida.

Ontem à noite, chateado porque não tinha tido a possibilidade de dar o último adeus a um amigo, fiquei pensando como a nossa vida, as vezes é injusta, principalmente se olharmos sob o prisma de como ela termina.

Embora eu seja um espiritualista, que acredita na outra vida e que estamos aqui para aprender e crescer espiritualmente, as vezes frente a esses acontecimentos da passagem, fica difícil ter uma melhor compreensão dos desígnios de Deus.

Vemos sonhos interrompidos, vidas que terminam em diferentes fases, ruindo  sonhos da própria pessoa ou de sua família, enfim fatos que de repente remexem com os sentimentos daqueles que partilham da mesma estrada.

Muitos morrem ao nascer, bebês terminam em maternidades ou acidentes, pessoas se vão no auge da vida profissional, jovens passam para o outro lado sem mesmo ter a chance de terminar a faculdade. Enfim são muitos sonhos que morrem na praia depois de atravessarem um oceano.

No meio dessas reflexões, me lembrei de um filme que tinha assistido: “A vida de Benjamin Button” interpretado por Brad Pitt, onde ele nasce velho e no decorrer do tempo vai rejusvenecendo. Me levantei e corri rever o filme, no meio da noite, e desta vez me detive analisando alguns diálogos interessantes, que ele diz em determinado momento:

– Como seria envelhecer jovem?

– Não sei dizer pois sempre olhei o mundo com meus próprios olhos.

– Só sei que os caminhos é que definem as minhas oportunidades!

Parei o filme, fui até a máquina de nespresso preparar um bom café e me sentei na poltrona da sala, rememorando as frases e me ocorreu se a nossa vida não deveria ser de trás para a frente.

Começaríamos velhos e aos poucos iríamos rejuvenescendo…

Poderíamos talvez morrer primeiro e aí já nos livraríamos desse medo do desconhecido que a maioria tem, mesmo considerando aquelas que são bastante apegadas na sua fé.

Fiquei me imaginando nascer usando um andador, dentro de uma casa de repouso, para alguns meses depois, passar a andar normalmente, encerrar o regime, passar a comer doces e um bom churrasco de carne vermelha, abandonar os remédios, me tornar um alegre, forte e bonito jovem, começar a praticar vários esportes ou até mesmo me dedicar a alguns bem radicais.

Poderia voltar a frequentar festas e baladas, passar muitas noites em claro, namorar adoidado, beber muita cerveja, degustar bons vinhos, acompanhados de um bom charuto e não estar nem aí para uma ressaca.

Depois disso eu iria me tornar uma criança, em seguida um lindo e risonho bebê, voltar para a barriga da minha mãe, fazer aulas de mergulho no liquido amniótico,  me transformar em um óvulo fecundado e enfim terminar num belo e gostoso orgasmo!

Não seria legal???

SOBRE O AUTOR:
José Luiz Ricchetti, nascido em São Manuel, é oriundo de famílias das mais tradicionais da cidade como Ricchetti, Ricci e Silva, é casado e tem 3 filhos. Engenheiro Mecânico pela Escola de Engenharia Industrial – EEI, com pós-graduação na FGV em Administração de Empresas e Comércio Exterior, tem MBA na área de Gestão de TI e Telecom pelo INATEL-UCAM, tendo atuado por mais de 35 anos, como executivo de grandes empresas brasileiras e multinacionais no Brasil e no Exterior.

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