A fonoaudióloga Hionita concedeu entrevista ao Jornal da Clube no último dia 19 de agosto, compartilhando as novidades de sua trajetória profissional e a recente inauguração da Clínica Lumea em São Manuel. O novo espaço, que busca oferecer um atendimento diferenciado, tem como um de seus pilares o cuidado especializado com crianças com autismo e suas famílias, além de abordar a complexidade do desenvolvimento humano em diversas fases.
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Lumea: Um novo conceito em atendimento fonoaudiológico e multidisciplinar, da infância à conscientização
A fonoaudióloga Hionita Verniano Peres Cequinatto, com quase 30 anos de carreira, retornou aos estúdios do Jornal da Clube para conversar sobre sua nova fase profissional e a Clínica Lumea, inaugurada em 10 de junho. “‘Lumea’ é luz, né, e o ‘A’ é a luz interna da criança, das crianças, é a luz do autismo. Então, o ‘A’ tem vários significados”, explicou a profissional sobre o nome escolhido para o seu novo empreendimento.
A clínica já conta com uma equipe multidisciplinar, incluindo psicóloga, nutricionista, psicopedagoga e, em breve, uma neuropsicóloga, reforçando o compromisso com uma abordagem integrada no tratamento. Ionita ressaltou sua paixão e especialização: “A minha paixão são as pessoas com deficiência. Eu tenho uma missão na vida, que é cuidar e cuidar com muito amor da pessoa com deficiência, da criança com deficiência, seja qual for a deficiência que precise da fonoaudiologia.” Embora seu foco principal seja crianças e o autismo, a clínica atende a diversas demandas fonoaudiológicas.
Durante a entrevista, Hionita também abordou temas contemporâneos que vêm chamando a atenção nas redes sociais, utilizando sua expertise para analisar tendências e alertar a população. Ela expressou preocupação com a moda de adultos usando chupeta, classificando-a como “uma regressão total do ser humano”. “A chupeta, eu falo que ela é inimiga da fonaudiologia, depois dos dois anos de idade. Por quê? Ela altera toda uma estrutura orofacial, altera posicionamento de língua, atrasa o desenvolvimento de fala”, alertou, lamentando ver “crianças sendo adultizadas e adultos sendo infantilizados”.
Outra analogia utilizada pela fonoaudióloga foi com a “trend do morango do amor”, para enfatizar a importância da especialização profissional, principalmente no tratamento do autismo. “Hoje, tem muitos profissionais da área da saúde que vendem alguma coisa ilusória… Quando você vai cuidar de uma criança que está no espectro do autismo, você tem que ter a especialização, você tem que ter o conhecimento, você tem que ter a prática”, ressaltou, defendendo que o autismo exige terapias individualizadas e baseadas na ciência.
Um dos pontos mais sensíveis da conversa foi a discussão sobre a falta de rede de apoio para mães de crianças com deficiência. Ionita enfatizou o sofrimento muitas vezes invisível dessas mães: “A mãe, quando recebe um diagnóstico, seja qual for, de uma criança que veio com algum tipo de deficiência, ela passa por um período de luto”. Ela lamentou a “porcentagem invisível que a sociedade não olha”, referindo-se aos casos de mães exaustas e sem forças. “As mães hoje estão muito mal assistidas, porque elas não têm uma rede de apoio”, afirmou, reiterando seu esforço para oferecer esse acolhimento na Lumea e em suas ações.
Após 23 anos de dedicação à APAE de São Manuel, Ionita buscou novos desafios. “Eu saí da APAE, eu pedi a conta da APAE… eu achei melhor pegar minha malinha, sair”, revelou. Atualmente, além de sua clínica, ela atende no Hospital da Misericórdia em Botucatu e realiza atendimentos domiciliares (home care). “Profissionalmente, eu acho que eu tô vivendo um dos melhores momentos da minha vida”, concluiu Hionita, destacando a gratidão e a paixão por sua profissão e a missão de cuidar das pessoas.
