COLUNA DO RICCHETTI – O Amor que o tempo não apaga

Há amores que vêm e vão como brisa — leves, passageiros, quase distraídos. Outros chegam como tempestade, viram a vida de cabeça pra baixo e depois desaparecem, deixando poças de saudade pelo chão da memória. Mas há também um tipo raro, daqueles que o tempo não apaga. Nem o tempo, nem a distância, nem os desencontros. Um amor que mora em silêncio em algum lugar da alma — e que mesmo adormecido, nunca morre.

Outro dia, entre um compromisso e uma tarde nublada, encontrei — ou reencontrei — alguém. Assim, sem aviso, sem cenário romântico, sem música ao fundo. Apenas um encontro — desses que parecem banais aos olhos do mundo, mas que mudam o compasso do coração.

Ao olhar nos olhos daquela pessoa, algo me atravessou – uma sensação estranha, bonita e inquieta, quase como um pedido sem resposta. Seria alguém que amei noutra vida? Ou alguém que ainda vou amar, num futuro que talvez nunca chegue?

Naquele instante, tudo parecia lindo e possível. O passado e o futuro se embaralharam no presente, e por um breve segundo, senti que aquele amor talvez já tivesse existido — ou ainda fosse acontecer.

Não era atração. Não era ilusão. Era como se algo dentro de mim dissesse: “Você já conhece esse olhar.”

E me perguntei: o que faz com que certos amores resistam ao tempo — mesmo quando ainda nem aconteceram?

Talvez seja porque não pedem lógica, nem pressa. São feitos de alma. Não precisam ser vividos em plenitude para serem reais. Basta aquele instante. Uma pergunta aparentemente inocente, um olhar que reconhece. Um silêncio que acolhe. Um coração que se espanta e, ao mesmo tempo, se lembra.

Dizem que o tempo cura tudo. Mentira. O tempo só cuida. O tempo ensina a conviver com o que ficou — ou com o que quase foi — ou com o que será.

Mas o que é eterno… ah, o que é eterno, nem o tempo ousa apagar.

José Luiz Ricchetti – 12/07/25

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