Quantas vezes você vê ou fala com seus pais?

Hoje assisti um podcast em que um dos entrevistados faz a seguinte pergunta a um dos seus entrevistadores:

– Quantas vezes você vê os seus pais por ano?

O entrevistador, meio sem graça, responde que vê os pais somente umas 4 ou 5 vezes ao ano.

O entrevistado então lhe diz: ‘Se você vê os seus pais somente 5 vezes no ano, supondo que eles vivam mais uns 10 anos, já parou para pensar que você só tem apenas mais 50 encontros com eles!’

Nesse momento fiquei pensando o tão pouco que convivemos com nossos pais….

Normalmente passamos bastante tempo com eles durante a nossa primeira fase da infância. Depois vem a adolescência, as namoradas, o casamento, os filhos e a medida que vamos ficando mais velhos e criamos um rol de amigos e a nossa própria família, vamos nos afastando mais e mais deles. Deixamos que eles fiquem no seu mundo e vamos viver o nosso, sem olhar para trás.

Embora seja natural que tenhamos nosso rol de amigos e formemos a nossa própria família, não podemos e não devemos nos esquecer de quem nos colocou no mundo e de quem nos deu a educação e de quem nos proporcionou ser tudo o que somos hoje.

Às vezes, pensamos: ‘Putz como meus pais são chatos, como é difícil conversar com eles. Será que não entendem que o mundo mudou e somos de uma geração bem diferente da deles?’

Tudo isso é uma verdade e nem sempre concordamos com os argumentos e visão de vida que eles têm, pois o mundo de hoje é bem diferente e todos nós sofremos grandes mudanças ao enfrentá-lo, mudanças que são diferentes, porque eles próprios procuraram nos dar uma educação diferente das que tiveram.

As vezes até os ridicularizamos, em relação ao que falam ou como exprimem seus pensamentos e não concordamos com seus argumentos e visão de mundo, que são normalmente bem diferentes da nossa. Criticamos e corrigimos a maneira deles falarem, de se comportarem e de agirem, até com uma certa dose de desrespeito.

Nessas horas nos esquecemos do amor, da educação, dos sacrifícios e de toda a dedicação que eles nos proporcionaram desde que nascemos. As vezes nos esquecemos que a primeira palavra que devemos nos lembrar quando nos encontramos e conversamos com nossos pais é ‘Gratidão’.

É nesses momentos que não podemos nos esquecer de todo o carinho, de todo o amor e de todas aquelas noites em claro que eles viveram e do quanto se sacrificaram para que estivéssemos onde estamos hoje.

Eu sempre digo e repito que esta nossa vida terrena é feita de momentos. Momentos tristes e momentos alegres e cabe a nós termos a inteligência para extrairmos de cada um deles o seu melhor.

Os momentos em que podemos partilhar com nossos pais serão sempre especiais, mesmo aqueles em que discordamos nas palavras, na maneira de pensar, porque são momentos em que apesar disso tudo temos que nos lembrar que sempre concordaremos com eles no amor e na gratidão.

Tenho certeza de muitos que estão lendo esta crônica agora, devem estar pensando que deveriam ter falado mais, conversado mais, compartilhado mais dos momentos com seus pais, que hoje já não estão mais entre nós.

Uma frase que nos diz muito e nos faz pensar é o diálogo entre Alice e o Coelho no País das Maravilhas:

Alice: – Quanto tempo dura o eterno?

Coelho: – Às vezes apenas um segundo!

O tempo voa e o segundo que passou aqui agora enquanto você lê esta frase já se foi e não irá voltar mais. O ontem já se foi, o hoje é agora e o amanhã nem sabemos se irá existir.

A hora de falar, de se encontrar com seus pais é hoje, é agora. Vamos pelo menos ligar e dizer a eles que os amamos e que temos por eles uma eterna gratidão por tudo que fizeram por nós agora, porque pode ser que amanhã seja tarde e não conseguiremos mais fazê-lo.

Temos que nos lembrar que os nossos pais, aconteça o que acontecer, sempre estão guardados num cantinho do nosso coração, mesmo que hoje esse cantinho nos pareça pequeno. Pois afinal, mesmo sendo pequeno isso tem o seu lado bom, pois não ficarão misturados com outras coisas que não tem o mesmo valor.

Parafraseando o poema de Mário Quintana:

‘Não deixe de dizer ao seus pais que os ama, por falta de tempo, porque a única falta que terá será esse tempo, que infelizmente não voltará mais.’

José Luiz Ricchetti – 12/02/2022

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