COLUNA DO RICCHETTI: A Casa da Rainha

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A rua tranquila, envolta pelas sombras das árvores do jardim, guarda uma história que ecoa desde os tempos em que São Manuel era apenas uma cidadezinha de fazendeiros. Lá, ao final de uma alameda que ainda carrega o nome de seu bisavô, ergue-se, como um monumento discreto, a casa onde Dona Alice viveu seus primeiros anos. Casa antiga, cheia de alma, essa moradia esconde em suas paredes e janelas a simplicidade de uma infância passada entre os campos de café e os dias ensolarados da fazenda Cafezal. É uma casa que guarda um tempo que apenas os mais antigos podem recordar, um tempo em que ainda se podia ouvir o sino da igreja ecoando pelos morros ao longe.

Dona Alice, que ali nasceu em 15 de maio de 1906, teve seus pés fincados na terra vermelha, sua pele tocada pelo sol e sua infância colorida pelas plantações da família. Os pais, Arthur e Elisa, proprietários da fazenda, nunca imaginariam que a menina que corria entre os cafezais algum dia seria mãe de uma rainha. Nas entrelinhas dessa vida está o destino desenhado com sutileza e força, como um fio de ouro que se entrelaça em silêncio pelas gerações.

Mais tarde, a menina de São Manuel cruzou o oceano, casando-se com o empresário alemão Walther Sommerlath e, com ele, levou consigo as lembranças de sua terra natal, mas sem jamais esquecer o seu Brasil. Teve quatro filhos, entre eles, a pequena Silvia, que um dia teria o seu próprio destino entrelaçado com o da realeza sueca. Mas antes disso, Dona Alice ainda voltaria ao Brasil, em São Paulo, e traria consigo os traços de sua vida estrangeira, misturados ao português doce que nunca deixou de falar.

Os anos se passaram, as décadas também. Dona Alice descansa hoje ao lado do marido, em Heidelberg, mas sua história continua viva na memória das casas e dos caminhos que ela percorreu. E a Rainha Sílvia, sua filha, leva consigo essa herança brasileira, um coração que, como ela mesma diz, carrega a alma do Brasil e o rigor germânico, com a serenidade do povo sueco.

Essa casa em São Manuel ainda vive, enquanto os habitantes, vez ou outra, veem a Rainha retornando para visitar os recantos de sua família. Em cada visita, dizem que sua simpatia e simplicidade encantam a todos. Ela caminha pelas ruas de São Manuel como uma filha da cidade, saudosa da infância brasileira da mãe, como se aqui encontrasse um pedaço de suas raízes, de sua própria história.

A casa permanece. Suas paredes guardam o tempo, os segredos da menina que um dia foi mãe de uma rainha. E São Manuel se orgulha em segredo, sabendo que, nas terras desse pequeno município, o destino e a história se entrelaçaram, em um conto que se desenrola sob o sol ardente e os cafezais intermináveis.

José Luiz Ricchetti – 05/11/24

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A rua tranquila, envolta pelas sombras das árvores do jardim, guarda uma história que ecoa desde os tempos em que São Manuel era apenas uma cidadezinha de fazendeiros. Lá, ao final de uma alameda que ainda carrega o nome de seu bisavô, ergue-se, como um monumento discreto, a casa onde Dona Alice viveu seus primeiros anos. Casa antiga, cheia de alma, essa moradia esconde em suas paredes e janelas a simplicidade de uma infância passada entre os campos de café e os dias ensolarados da fazenda Cafezal. É uma casa que guarda um tempo que apenas os mais antigos podem recordar, um tempo em que ainda se podia ouvir o sino da igreja ecoando pelos morros ao longe.

Dona Alice, que ali nasceu em 15 de maio de 1906, teve seus pés fincados na terra vermelha, sua pele tocada pelo sol e sua infância colorida pelas plantações da família. Os pais, Arthur e Elisa, proprietários da fazenda, nunca imaginariam que a menina que corria entre os cafezais algum dia seria mãe de uma rainha. Nas entrelinhas dessa vida está o destino desenhado com sutileza e força, como um fio de ouro que se entrelaça em silêncio pelas gerações.

Mais tarde, a menina de São Manuel cruzou o oceano, casando-se com o empresário alemão Walther Sommerlath e, com ele, levou consigo as lembranças de sua terra natal, mas sem jamais esquecer o seu Brasil. Teve quatro filhos, entre eles, a pequena Silvia, que um dia teria o seu próprio destino entrelaçado com o da realeza sueca. Mas antes disso, Dona Alice ainda voltaria ao Brasil, em São Paulo, e traria consigo os traços de sua vida estrangeira, misturados ao português doce que nunca deixou de falar.

Os anos se passaram, as décadas também. Dona Alice descansa hoje ao lado do marido, em Heidelberg, mas sua história continua viva na memória das casas e dos caminhos que ela percorreu. E a Rainha Sílvia, sua filha, leva consigo essa herança brasileira, um coração que, como ela mesma diz, carrega a alma do Brasil e o rigor germânico, com a serenidade do povo sueco.

Essa casa em São Manuel ainda vive, enquanto os habitantes, vez ou outra, veem a Rainha retornando para visitar os recantos de sua família. Em cada visita, dizem que sua simpatia e simplicidade encantam a todos. Ela caminha pelas ruas de São Manuel como uma filha da cidade, saudosa da infância brasileira da mãe, como se aqui encontrasse um pedaço de suas raízes, de sua própria história.

A casa permanece. Suas paredes guardam o tempo, os segredos da menina que um dia foi mãe de uma rainha. E São Manuel se orgulha em segredo, sabendo que, nas terras desse pequeno município, o destino e a história se entrelaçaram, em um conto que se desenrola sob o sol ardente e os cafezais intermináveis.

José Luiz Ricchetti – 05/11/24

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