Hoje eu acordei no meio da madrugada. Eram 2:30 da manhã e me senti completamente descansado, como se tivesse dormido umas 10 horas seguidas.
Sem achar mais o meu sono, me levantei da cama e fui caminhando, meio na penumbra, até chegar a varanda do meu apartamento, para ali, me sentar numa poltrona e começar a refletir sobre tudo o que tem acontecido neste início de 2020 e principalmente nessas últimas semanas e que vem afetando consideravelmente a vida de todos nós e principalmente a nossa maneira de pensar e encarar a vida.
Comecei então a elencar mentalmente, todas as grandes mudanças sociais que tem sido provocada por esta crise do Covid 19.
As mudanças nos relacionamentos, por exemplo, incluindo não só as relações profissionais com o trabalho, que agora passou a ser feito, na maior parte, de casa, mas, principalmente nas relações sociais e afetivas entre cônjuges, companheiros, amigos e familiares.
Penso que para todos nós, não está fácil, conviver nesta nova ordem que nos foi imposta, que se inicia pelo home office, passa pela empregada que passou obrigatoriamente a morar na casa ou com a ausência dela quando se tornou um risco para a família, com as proibições do ir e vir e encontrar pessoas, do conviver com amigos, do lazer suprimido, e até mesmo da enorme falta das atividades escolares, que agora vemos o quanto era importante para dividir o dia, educar e entreter as crianças.
Com certeza todos estamos sentindo as grandes mudanças nas relações entre casais, entre pais e filhos, entre amigos, começando por exemplo pela nova divisão das tarefas domésticas, passando pela busca de algum outro lazer qualquer, para fazer frente ao excesso de horas em casa, algum que substitua as manjadas séries da Netflix, culminando com as brincadeiras que precisam ser inventadas ou reinventadas para poder preencher o tempo dos pequenos e acalmar a impaciência dos idosos e o ímpeto dos adolescentes.
Sem esquecer também daquelas pessoas, que para manter o famoso ‘Casamento Doriana’ estão passando pela crise da agonia de não conseguirem dar vazão à paixão junto aos seus amantes, nos encontros semanais que se tornaram impossíveis.
E o que dizer do contingente de jovens e adolescentes que ainda moram com os pais e que agora estão privados dos seus encontros diários, seja na balada, seja na mesa do bar, seja para aquela relação sexual com a parceira, e que agora precisam manter tudo isso em clausura, congelado até, como se tudo fosse uma pasta cheia de arquivos armazenados na nuvem, para, quem sabe, lá na frente, poder fazer o download e usar novamente.
Hoje acho que já está bem claro, cristalino até, o quanto temos de mudanças já provocadas por essa pandemia, em todas as relações humanas. Com absoluta certeza todas essas relações, sejam elas profissionais, afetivas, sociais ou físicas jamais voltarão a ser as mesmas depois desta pandemia.
O Covid 19 veio para mudar não só os nossos hábitos de prevenção e cuidados com o corpo, a distância entre as pessoas, mas também para mudar e afetar todo e qualquer relacionamento entre os seres humanos.
É agora que estão sendo postos a prova os relacionamentos entre casais, entre pais e filhos, entre irmãos, entre parentes e amigos. É preciso conseguir manter o discernimento de saber separar o lado profissional da vida afetiva seja com a cara metade ou com os filhos e amigos. Não será fácil e muitos ficarão pelo caminho.
O Corona virus também colocou as claras quem são os nossos verdadeiros amigos, aqueles que se preocupam realmente com a gente, ou quem são os parentes que pensam em nós, sem qualquer interesse.
Tudo isso está florescendo como botões de rosas em um pequeno vaso de flores, onde os montes de espinhos se mostram como os falsos amigos, que nestes tempos, nos espetam e já não conseguem esconder a superficialidade da falsa amizade.
Muitos não saberão dividir o tempo entre o trabalho, a família, os amigos e os filhos, e deverão sofrer o real perigo de ver todas as suas relações explodirem ou então, como se diz, ver o caldo entornar de vez, talvez até porque os copos já deviam estar bem cheios e eles ainda não tinham se dado conta disso.
Acredito que só os mais fortes emocionalmente, aqueles que souberem se readaptar ao novo paradigma, aos novos tempos, às novas relações entre as pessoas sobreviverão.
Mas vamos lembrar que sempre se pode encontrar novas amizades, sempre se pode viver um outro amor, pois para todo fim existe sempre um novo recomeço à nossa espera.
Vamos manter a fé em Deus, ajudar quem precisa e cultivar sempre a esperança pois ela sempre tem mais coisas para nos dizer sobre o amanhã do que a gente pode sequer imaginar, ver ou sentir.