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Meu Primeiro Livro – Paço a Passo Capítulo XII: Festa de Arromba

cabeca-ricchetti Meu Primeiro Livro - Paço a Passo Capítulo XII: Festa de Arromba

Apesar da emoção daquela viagem no tempo, eu não sabia o quanto aquilo podia estar me degastando fisicamente. Só sei que meu corpo parecia começar a dar sinais de esgotamento.

Por outro lado, eu podia ver que o marcador de combustível do nosso Ford tinha atingido metade do tanque e meu sentimento dizia que não faltava muito para aquela fantástica viagem no tempo e no espaço terminar. Talvez os tais buracos de minhoca estivem mais escassos ou então o portal que abriu a comunicação entre os vários mundos estivesse por fechar.

A verdade é que eu não tinha ainda a menor ideia de como tudo aquilo estava acontecendo, como aquele velho Ford podia estar viajando no tempo, mas também estava naquela de curtir todas aquelas emoções e deixar que as coisas acontecessem por si só.

230.1-Festa-de-Arromba Meu Primeiro Livro - Paço a Passo Capítulo XII: Festa de Arromba

Enquanto ainda estava com essas preocupações vi, que desta vez, o nosso carro tinha viajado pelas estrelas e retornado, porque consegui perceber quando ele reentrou na atmosfera, e começamos a atravessar muitas camadas de nuvens até poder se aproximar da terra propriamente dita.
Seria com o objetivo de economizar combustível ou porque estávamos voltando ao futuro?

As minhas preocupações são esquecidas assim que reconheço que estávamos sobrevoando, mais uma vez, os céus da Princesinha da Sorocabana, apelido carinhoso da minha cidade natal. Vejo o jardim, o Paço Municipal e ao lado um Palacete, bem em frente ao jardim.

Ele aterrissa ali ao lado do palacete e algo me impele a entrar pelo portão daquele prédio, também construído nos anos 1900, praticamente na mesma época do Paço Municipal.

Olho pela janela e vejo que o meu amigo Paulo Brollo estava conversando com sua mãe, sobre uma festa de aniversário que ele iria dar e que teria como tema a “Jovem Guarda”.

Ele tinha uma lista dos convidados na mão e uma pilha de convites ao lado.
Aquela cena me fez relembrar o dia em que recebi em casa o convite daquela festa num elegante envelope em papel “couché” com meu nome, bem caprichado, escrito em letras góticas.

No seu interior, também em letras góticas menores, o texto solicitava a minha presença para a sua festa de aniversário, dizendo assim:
“Tenho o prazer de convidá-lo para a minha festa de aniversário, no próximo dia 31 de julho de 1968 a partir das 20 horas.
O tema da festa será a Jovem Guarda, venha com traje à caráter!
Seu amigo Paulo. R.S.V.P.”
Quem me convidava era o Paulo Brollo, filho de uma família de tradicionais comerciantes de café da cidade.
Ele era um pouco mais velho do que eu, fato absolutamente comum em cidades pequenas do interior, onde sempre existiu essa convivência e amizade entre “turmas” de faixas etárias diferentes, tanto para cima como para baixo.

Mas o mais legal de tudo isso, era saber que iríamos ter uma festa à caráter, com bastante gente da cidade e todos vestidos com roupas da jovem guarda, no salão de festas da casa dele e embalada por uma banda ao vivo!
Então minha mente me presenteou trazendo de volta todos os detalhes daquele dia e daquela festa:

“Estávamos em 1968, época dos Beatles, onde imperava o cabelo comprido, a calça “Lee” e as botinhas de salto alto, o chamado “salto carrapeta”. Nas roupas, já ousávamos usar, nós meninos, camisas rosa ou estampadas, enfeitadas com rendas e calças bocas de sino, na cor laranja, vermelha e até listrada.

As meninas também já se arvoravam, a vestir as curtas e célebres minissaias, com meias compridas e “sapatos tipo boneca”, ou então as famosas botas “Wanderleia” de cano alto, e macacões, tudo bem ao figurino de Roberto Carlos e sua trupe da famosa Jovem Guarda.

Logo nossas mães saíram às compras, dos tecidos e adereços, para comporem as nossas roupas, pois nesse tempo não se comprava nada pronto, tinha que fazer.
Então foi uma verdadeira corrida às principais lojas de tecidos da cidade, na busca das fazendas estampadas, dos botões encapados e das rendas e paetês, como as tradicionais casas Ricci, Loja do Sol, Kolimbrowskey, Americana, e outras mais….

Foi um mês de muita conversa entre as mães, na troca de informações e todas em busca do melhor, do mais bonito modelo, encontrado em revistas como “Claudia”, “Burda” ou “Manequim”, revistas estas encontradas ali mesmo, na antiga “banca do Cid”, em volta do jardim.

Tudo isso para trajar “suas crianças” com o que tinha de melhor e mais moderno, daquela dita nova moda, chamada Jovem Guarda.
Ao final e em tempo, estávamos todos lá já prontos e trajados, com roupas à caráter, desfilando na frente do jardim e fazendo fila para entrar naquela festa que tinha tudo para ser a festa do ano, a festa de arromba, como já dizia o nosso “tremendão” Erasmo Carlos.

E aí logo de cara, como que para assinar embaixo, o conjunto do Brama inicia com essa música de Erasmo e Roberto Carlos:” Festa de Arromba!”
Creio que com todas aquelas lembranças daquela festa vindo à tona e vendo tudo aquilo novamente, agora como espectador privilegiado e testemunha da história, minha mente começou então a misturar as pessoas, os fatos, e ocorrências, daquele dia para parafrasear com minhas lembranças a fantástica música e grande sucesso à época, da Jovem Guarda:

“Vejam só, então que festa de arromba, naquele 31 de julho eu fui parar!
Lá estavam, todos presentes no local, meus amigos, gente elegante, gente bonita, gente linda, todos vestidos de jovem guarda, aguardando a festa começar.

Tinha de tudo, de convidados a familiares, visitantes e até repórteres especiais, como o Danielzinho Neves da Rádio Clube e o nosso querido Gordo do jornal “O Tempo”, para escrever tudo e entrevistar.

Vi então ao fundo o antigo fotógrafo Wada, para tudo em fotos registrar. Era muita gente, que confusão, mas aquela festa prometia e tinha a certeza iria causar!

Quase que não consegui na entrada chegar, pois tinha uma multidão, na frente daquele enorme portão, era muita gente, tanta gente que chegava a impressionar!

Aquela festa tinha tudo para ser uma grande comemoração, ia ser, com certeza, de arrasar!

Logo que eu cheguei, notei Paulo e Oscar paquerando a Ivone e a Sônia, eles com whisky e elas com copos de cuba libre na mão.

Enquanto isso a Rosa Maria e o Renato conversavam com Janjão e João Carlos, junto do Paulo, o nosso grande amigo e anfitrião.

Danilo e Celso também estavam ali, juntos do Dantinho, Lica e o Maninho, todos eles olhando bem de frente, uma roda de lindas garotas, todos querendo paquerar.

Ao centro tinha a Regina e a Romilda, e ao seu lado a Rose e Maria Sílvia, aguardando que eles a tirassem para dançar. Ladeando este grupo também havia dois outros, com meninas bonitas de montão.

De um lado eu podia distinguir as loiras inseparáveis Maria Lúcia e Regina e do outro uma turma numerosa tendo Norma, Maria Tereza, Cida, a Solange, Marina, Tata, Lucinha Ricchetti, Dionê, Flávia, Rosa Chiufa, Inês, Ivani e lógico acompanhadas das duas Sílvias, a Del Galo e a Romão.

No outro canto eu também encontrei as inseparáveis da turma, a Mary, Tânia, Suely, Laurita, Heloisa, Cecília, Edy, Edna e Marta Rebuá, acompanhados dos meus amigos do peito Bia, Beto, Fernão, Rubinho, Teté, Renato, Caito, Waltinho, Cícero e Zezão.

Todos conversavam entre si e tinham bem ao lado a Cleide e Soledad mais as primas de fora, Leila, Lia e Cristina, todo mundo tomando hi-fi e cuba libre de montão.
Brahma e seus amigos tocavam na piscina, enquanto o jovem cantor Alberto cantava sem parar.

Logo vi o Panela e o Zé Peroba correndo para avisar o Arnaldo, Bilico, Tostão, Esfran e De Paula que a música não podia parar, pois havia muita gente para dançar.

Mas vejam quem chegou de repente, a Ivete, a Geni, o Carlos Silva e a Ivanize, e logo em seguida o Cláudio Ricci, Zé Salles e Ulisses, este desfilando, como sempre, mais um novo carrão.

Enquanto via também a Marina e o Beto passarem bem perto de mim.
Foi então que sinto um grande empurrão e olhando, percebo de soslaio, que era o Luiz Sérgio e a Cristina apressados para irem fumar no jardim.

Na iluminada pista de dança, entre luzes coloridas e estromboscópicas eu podia ainda ver as lindas Marilda, Tânia Santini, Tereza Neves, Lélis e Dora Casquel todas a dançar e arrasar no hally gally, no twist e no iê,iê,iê, o que, cá entre nós era muito bom da gente ver e admirar.

De repente, lá fora, ouço um corre corre, da turma do fundo do salão, pois não é que era o nosso grande poeta Delton, com a Ana Maria, Lafa, Dener e Darlon que acabavam de chegar. Porque isso ficou claro, deixou a todos empolgados, afinal tínhamos a certeza, de que o nosso poeta, ia declamar!

E eis que vem o “gran finale”, Paulo, o nosso grande anfitrião, acende a luz negra e os holofotes coloridos e a bola de espelhos do salão e entre lanças perfume, confetes e serpentinas no ar, vejo adentrar, na ponta dos pés, o nosso casal mestre sala, o Rei Momo Kiki e a Rainha Tereza, acompanhados da nossa querida escola de samba do clube Fisma, pondo todo mundo pra sambar.

Em seguida terminada a apoteose da escola de samba, todo mundo misturado, sambistas, mulatas, passistas, colombinas, pierrots, e os vários “robertos”, “erasmos”, “eduardos”, “jerrys”, “ronnies”, “wanderleis”,” incríveis”, “fevers”,”blue caps”, “golden boys”, “denos”, “dinos”, “vips”, “wanderleias”,”lillians”, “cellys”,”vanuzas” e “martinhas” presentes terminamos aquela festa cantando a um só som:

Hey, hey que onda, que festa de arromba! “

Ouço pela primeira vez a buzina inconfundível do nosso Ford, talvez porque ele devia saber que com toda aquela zueira da festa eu não iria perceber as luzes do painel se acenderem.

Saio correndo e entro no carro, para ver que a luz amarela já piscava e em seguida a verde.

Ele sai em disparada pela velha Rua Gomes Faria em direção ao alto da Estação Sorocabana, ganha os céus em cima do pasto do Dallacqua e desapareceu nas nuvens sobre a estação.

O rádio do nosso Ford, talvez embalado pela festa de arromba e pela jovem guarda, começa a tocar a música de Erasmo e Roberto, “A Beira do Caminho”:

Eu não posso mais ficar aqui
A esperar!
Estou sentado à beira
De um caminho
Que não tem mais fim…
Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo…

Aquela música me fez pensar que aquela viagem uma hora precisava chegar ao fim, pois afinal eu precisava voltar ao futuro.
Será que eu iria conseguir? Como eu deveria fazer para voltar?
Acho que só o tempo e este inimaginável Ford, poderão me dizer….

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Meu Primeiro Livro – Paço a Passo Capítulo XII: Festa de Arromba

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Apesar da emoção daquela viagem no tempo, eu não sabia o quanto aquilo podia estar me degastando fisicamente. Só sei que meu corpo parecia começar a dar sinais de esgotamento.

Por outro lado, eu podia ver que o marcador de combustível do nosso Ford tinha atingido metade do tanque e meu sentimento dizia que não faltava muito para aquela fantástica viagem no tempo e no espaço terminar. Talvez os tais buracos de minhoca estivem mais escassos ou então o portal que abriu a comunicação entre os vários mundos estivesse por fechar.

A verdade é que eu não tinha ainda a menor ideia de como tudo aquilo estava acontecendo, como aquele velho Ford podia estar viajando no tempo, mas também estava naquela de curtir todas aquelas emoções e deixar que as coisas acontecessem por si só.

230.1-Festa-de-Arromba Meu Primeiro Livro - Paço a Passo Capítulo XII: Festa de Arromba

Enquanto ainda estava com essas preocupações vi, que desta vez, o nosso carro tinha viajado pelas estrelas e retornado, porque consegui perceber quando ele reentrou na atmosfera, e começamos a atravessar muitas camadas de nuvens até poder se aproximar da terra propriamente dita.
Seria com o objetivo de economizar combustível ou porque estávamos voltando ao futuro?

As minhas preocupações são esquecidas assim que reconheço que estávamos sobrevoando, mais uma vez, os céus da Princesinha da Sorocabana, apelido carinhoso da minha cidade natal. Vejo o jardim, o Paço Municipal e ao lado um Palacete, bem em frente ao jardim.

Ele aterrissa ali ao lado do palacete e algo me impele a entrar pelo portão daquele prédio, também construído nos anos 1900, praticamente na mesma época do Paço Municipal.

Olho pela janela e vejo que o meu amigo Paulo Brollo estava conversando com sua mãe, sobre uma festa de aniversário que ele iria dar e que teria como tema a “Jovem Guarda”.

Ele tinha uma lista dos convidados na mão e uma pilha de convites ao lado.
Aquela cena me fez relembrar o dia em que recebi em casa o convite daquela festa num elegante envelope em papel “couché” com meu nome, bem caprichado, escrito em letras góticas.

No seu interior, também em letras góticas menores, o texto solicitava a minha presença para a sua festa de aniversário, dizendo assim:
“Tenho o prazer de convidá-lo para a minha festa de aniversário, no próximo dia 31 de julho de 1968 a partir das 20 horas.
O tema da festa será a Jovem Guarda, venha com traje à caráter!
Seu amigo Paulo. R.S.V.P.”
Quem me convidava era o Paulo Brollo, filho de uma família de tradicionais comerciantes de café da cidade.
Ele era um pouco mais velho do que eu, fato absolutamente comum em cidades pequenas do interior, onde sempre existiu essa convivência e amizade entre “turmas” de faixas etárias diferentes, tanto para cima como para baixo.

Mas o mais legal de tudo isso, era saber que iríamos ter uma festa à caráter, com bastante gente da cidade e todos vestidos com roupas da jovem guarda, no salão de festas da casa dele e embalada por uma banda ao vivo!
Então minha mente me presenteou trazendo de volta todos os detalhes daquele dia e daquela festa:

“Estávamos em 1968, época dos Beatles, onde imperava o cabelo comprido, a calça “Lee” e as botinhas de salto alto, o chamado “salto carrapeta”. Nas roupas, já ousávamos usar, nós meninos, camisas rosa ou estampadas, enfeitadas com rendas e calças bocas de sino, na cor laranja, vermelha e até listrada.

As meninas também já se arvoravam, a vestir as curtas e célebres minissaias, com meias compridas e “sapatos tipo boneca”, ou então as famosas botas “Wanderleia” de cano alto, e macacões, tudo bem ao figurino de Roberto Carlos e sua trupe da famosa Jovem Guarda.

Logo nossas mães saíram às compras, dos tecidos e adereços, para comporem as nossas roupas, pois nesse tempo não se comprava nada pronto, tinha que fazer.
Então foi uma verdadeira corrida às principais lojas de tecidos da cidade, na busca das fazendas estampadas, dos botões encapados e das rendas e paetês, como as tradicionais casas Ricci, Loja do Sol, Kolimbrowskey, Americana, e outras mais….

Foi um mês de muita conversa entre as mães, na troca de informações e todas em busca do melhor, do mais bonito modelo, encontrado em revistas como “Claudia”, “Burda” ou “Manequim”, revistas estas encontradas ali mesmo, na antiga “banca do Cid”, em volta do jardim.

Tudo isso para trajar “suas crianças” com o que tinha de melhor e mais moderno, daquela dita nova moda, chamada Jovem Guarda.
Ao final e em tempo, estávamos todos lá já prontos e trajados, com roupas à caráter, desfilando na frente do jardim e fazendo fila para entrar naquela festa que tinha tudo para ser a festa do ano, a festa de arromba, como já dizia o nosso “tremendão” Erasmo Carlos.

E aí logo de cara, como que para assinar embaixo, o conjunto do Brama inicia com essa música de Erasmo e Roberto Carlos:” Festa de Arromba!”
Creio que com todas aquelas lembranças daquela festa vindo à tona e vendo tudo aquilo novamente, agora como espectador privilegiado e testemunha da história, minha mente começou então a misturar as pessoas, os fatos, e ocorrências, daquele dia para parafrasear com minhas lembranças a fantástica música e grande sucesso à época, da Jovem Guarda:

“Vejam só, então que festa de arromba, naquele 31 de julho eu fui parar!
Lá estavam, todos presentes no local, meus amigos, gente elegante, gente bonita, gente linda, todos vestidos de jovem guarda, aguardando a festa começar.

Tinha de tudo, de convidados a familiares, visitantes e até repórteres especiais, como o Danielzinho Neves da Rádio Clube e o nosso querido Gordo do jornal “O Tempo”, para escrever tudo e entrevistar.

Vi então ao fundo o antigo fotógrafo Wada, para tudo em fotos registrar. Era muita gente, que confusão, mas aquela festa prometia e tinha a certeza iria causar!

Quase que não consegui na entrada chegar, pois tinha uma multidão, na frente daquele enorme portão, era muita gente, tanta gente que chegava a impressionar!

Aquela festa tinha tudo para ser uma grande comemoração, ia ser, com certeza, de arrasar!

Logo que eu cheguei, notei Paulo e Oscar paquerando a Ivone e a Sônia, eles com whisky e elas com copos de cuba libre na mão.

Enquanto isso a Rosa Maria e o Renato conversavam com Janjão e João Carlos, junto do Paulo, o nosso grande amigo e anfitrião.

Danilo e Celso também estavam ali, juntos do Dantinho, Lica e o Maninho, todos eles olhando bem de frente, uma roda de lindas garotas, todos querendo paquerar.

Ao centro tinha a Regina e a Romilda, e ao seu lado a Rose e Maria Sílvia, aguardando que eles a tirassem para dançar. Ladeando este grupo também havia dois outros, com meninas bonitas de montão.

De um lado eu podia distinguir as loiras inseparáveis Maria Lúcia e Regina e do outro uma turma numerosa tendo Norma, Maria Tereza, Cida, a Solange, Marina, Tata, Lucinha Ricchetti, Dionê, Flávia, Rosa Chiufa, Inês, Ivani e lógico acompanhadas das duas Sílvias, a Del Galo e a Romão.

No outro canto eu também encontrei as inseparáveis da turma, a Mary, Tânia, Suely, Laurita, Heloisa, Cecília, Edy, Edna e Marta Rebuá, acompanhados dos meus amigos do peito Bia, Beto, Fernão, Rubinho, Teté, Renato, Caito, Waltinho, Cícero e Zezão.

Todos conversavam entre si e tinham bem ao lado a Cleide e Soledad mais as primas de fora, Leila, Lia e Cristina, todo mundo tomando hi-fi e cuba libre de montão.
Brahma e seus amigos tocavam na piscina, enquanto o jovem cantor Alberto cantava sem parar.

Logo vi o Panela e o Zé Peroba correndo para avisar o Arnaldo, Bilico, Tostão, Esfran e De Paula que a música não podia parar, pois havia muita gente para dançar.

Mas vejam quem chegou de repente, a Ivete, a Geni, o Carlos Silva e a Ivanize, e logo em seguida o Cláudio Ricci, Zé Salles e Ulisses, este desfilando, como sempre, mais um novo carrão.

Enquanto via também a Marina e o Beto passarem bem perto de mim.
Foi então que sinto um grande empurrão e olhando, percebo de soslaio, que era o Luiz Sérgio e a Cristina apressados para irem fumar no jardim.

Na iluminada pista de dança, entre luzes coloridas e estromboscópicas eu podia ainda ver as lindas Marilda, Tânia Santini, Tereza Neves, Lélis e Dora Casquel todas a dançar e arrasar no hally gally, no twist e no iê,iê,iê, o que, cá entre nós era muito bom da gente ver e admirar.

De repente, lá fora, ouço um corre corre, da turma do fundo do salão, pois não é que era o nosso grande poeta Delton, com a Ana Maria, Lafa, Dener e Darlon que acabavam de chegar. Porque isso ficou claro, deixou a todos empolgados, afinal tínhamos a certeza, de que o nosso poeta, ia declamar!

E eis que vem o “gran finale”, Paulo, o nosso grande anfitrião, acende a luz negra e os holofotes coloridos e a bola de espelhos do salão e entre lanças perfume, confetes e serpentinas no ar, vejo adentrar, na ponta dos pés, o nosso casal mestre sala, o Rei Momo Kiki e a Rainha Tereza, acompanhados da nossa querida escola de samba do clube Fisma, pondo todo mundo pra sambar.

Em seguida terminada a apoteose da escola de samba, todo mundo misturado, sambistas, mulatas, passistas, colombinas, pierrots, e os vários “robertos”, “erasmos”, “eduardos”, “jerrys”, “ronnies”, “wanderleis”,” incríveis”, “fevers”,”blue caps”, “golden boys”, “denos”, “dinos”, “vips”, “wanderleias”,”lillians”, “cellys”,”vanuzas” e “martinhas” presentes terminamos aquela festa cantando a um só som:

Hey, hey que onda, que festa de arromba! “

Ouço pela primeira vez a buzina inconfundível do nosso Ford, talvez porque ele devia saber que com toda aquela zueira da festa eu não iria perceber as luzes do painel se acenderem.

Saio correndo e entro no carro, para ver que a luz amarela já piscava e em seguida a verde.

Ele sai em disparada pela velha Rua Gomes Faria em direção ao alto da Estação Sorocabana, ganha os céus em cima do pasto do Dallacqua e desapareceu nas nuvens sobre a estação.

O rádio do nosso Ford, talvez embalado pela festa de arromba e pela jovem guarda, começa a tocar a música de Erasmo e Roberto, “A Beira do Caminho”:

Eu não posso mais ficar aqui
A esperar!
Estou sentado à beira
De um caminho
Que não tem mais fim…
Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo…

Aquela música me fez pensar que aquela viagem uma hora precisava chegar ao fim, pois afinal eu precisava voltar ao futuro.
Será que eu iria conseguir? Como eu deveria fazer para voltar?
Acho que só o tempo e este inimaginável Ford, poderão me dizer….

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