Crônica criada e escrita por José Luiz Ricchetti
Havia uma noite silenciosa e serena, onde os fios do sonho e da realidade se envolvem como as asas delicadas de borboletas dançando no vento.
Minha filha, em um momento de quietude, foi presenteada por um sonho que transcendia a barreira entre os mundos. Sua avó, que havia partido, há exatamente um ano, retornou em forma de memórias e símbolos.
No palco do subconsciente, a avó estendeu um presente significativo – um colar de borboletas. Um presente etéreo, onde cada borboleta representava um fragmento da alma que agora parecia voar livremente. Um gesto que transcendeu a efemeridade do sonho, conectando passado, presente e futuro.
Esse sonho, por sua vez, tornou-se um elo entre o efêmero e o eterno, guiando-nos até aquele momento em que finalmente decidimos distribuir as cinzas da avó no vasto abraço do oceano. O mar, um símbolo de infinitude e renovação, acolheu as cinzas como as páginas de um livro sendo devoradas pelo tempo.
Enquanto as cinzas se dissolviam nas ondas, cada partícula tornava-se parte integrante desse vasto oceano, ecoando a eternidade na qual a avó agora residia. O colar de borboletas, presente do sonho, ganhou uma nova camada de significado, tornando-se uma manifestação tangível dessa jornada entre o terreno e o celestial.
A trilha sonora naquele momento imediatamente ressoou nos meus ouvidos com “One Moment in Time” com Dana Winner (Um Momento no Tempo) que logo busquei no meu Spotify do celular para escutarmos todos juntos e cuja letra parecia nos traduzir fielmente o que a avó sentia:
“Me dê um momento no tempo, quando eu sou mais do que pensei que poderia ser, quando todos os meus sonhos são como as batidas do meu coração e as respostas são todas para mim. Me dê um momento no tempo quando estou correndo com o destino e neste momento do tempo eu vou sentir toda a eternidade…”
A melodia envolvente ecoava na brisa marinha, enquanto as palavras se entrelaçavam com as ondas, criando uma sinfonia que celebrava a vida, o amor e a transcendência.
Assim, daquele sonho, do colar de borboletas, daquela linda música e das cinzas que se fundiram com as águas salgadas, nasceu esta crônica doce entrelaçada pelos fios do tempo, contando a história de como a eternidade se revela nos momentos mais singelos da nossa vida…
José Luiz Ricchetti – 19/01/24