(Crônica criada e escrita por José Luiz Ricchetti)
Este ano a convite de um casal de amigos, passei o Ano Novo no Rio de janeiro e foi uma noite maravilhosa na cidade maravilhosa.
Porém nos dias posteriores, andando pelo Rio real, que revisitava, depois de alguns anos, notei o quanto aumentou o número e o tamanho das favelas dessa linda cidade, que hoje parece esquecida pelo poder público.
Foi então, cheio de esperança por um ano novo de muita saúde e paz a todos, que me inspirei nesta crônica que segue…
No coração pulsante da favela, onde o sol nasce sobre vielas estreitas e a esperança tece seu caminho entre lares humildes, ecoam histórias de jovens que buscam emergir das dificuldades como se tentassem andar sobre as águas tumultuadas da vida urbana.
Assim como séculos atrás, quando em Belém uma criança nasceu em um modesto estábulo, na favela, neste emaranhado de sonhos e lutas diárias, surge um paralelo entre as narrativas que transcendem os séculos.
Os relatos dos milagres de Jesus ressoam entre os desafios enfrentados por aqueles que caminham por essas ruas. Como o paralítico aos olhos de Jesus, há jovens que anseiam por um milagre, por uma oportunidade de se erguerem e avançarem além das limitações impostas por um contexto desafiador.
Nos cantos escondidos, como os cegos que buscavam visão, muitos aqui lutam para enxergar um futuro além das dificuldades presentes. O clamor por esperança ecoa entre as vielas, desejando iluminar mentes obscurecidas pelas circunstâncias adversas.
Nos cantos esquecidos, entre os muros que guardam histórias silenciosas, ecoam os anseios daqueles que, como os mudos nos relatos de Jesus, enfrentam o desafio da falta de voz. São jovens cujas palavras são sufocadas pela realidade áspera que os cerca, que aspiram por expressão, por serem ouvidos em um mundo que muitas vezes os silencia.
Assim como Jesus deu voz aos mudos, aqui, a busca por oportunidades e igualdade de expressão é uma luta constante. É a busca por uma plataforma onde cada história possa ser contada, onde cada voz possa ecoar com dignidade e ser reconhecida em meio à cacofonia da cidade.
Nessa interseção entre as narrativas antigas e as lutas contemporâneas, a comparação entre os desafios diários e os feitos extraordinários revela não apenas a semelhança das dificuldades, mas também a universalidade da esperança e da resiliência humana.
E assim como os ensinamentos de Jesus tocaram vidas, a superação diária desses desafios na favela também pode ser vista como um tipo de milagre pessoal, uma jornada de coragem, resiliência e força que ecoa os feitos extraordinários que resistiram ao teste do tempo.
Nesse tecer de vidas, onde as águas da existência cotidiana se misturam aos milagres de um passado distante, surge uma narrativa poderosa, repleta de humanidade, perseverança e esperança.
Pois entre as vielas de uma favela e os relatos milagrosos, descobrimos a eterna busca pela superação e transformação, onde cada passo dado sobre as águas da vida representa não apenas uma jornada pessoal, mas a resiliência de uma comunidade determinada a emergir das sombras em direção à luz.
José Luiz Ricchetti – 03/01/24