
Procurei na combinação da diversidade de suas sete cores, uma tempestade de substantivos, adjetivos, pronomes, sinônimos e antônimos.
Transformei cada cor e sub cor, cada derivativo do espectro em uma nova variação de pensamentos para, através das letras, criar uma possível e impossível combinação de palavras.
Alterei a ordem, misturei tudo o que existia, em cada pedaço da curva, numa combinação das palavras, em busca do pote de ouro dos sonhos impossíveis, histórias inverossímeis, num alternar de estrofes e rimas, ditadas pelos anjos e demônios do interior da minha alma.

Busquei poemas, replenos de sonhos irrealizáveis, de histórias dantescas, de amores estilhaçados, de contos de príncipes e princesas, reis e rainhas, extraindo exemplos de cada um daqueles lordes das palavras, de Dante a Shakespeare.
Criei frases, inúmeras estrofes, poemas e mil outras histórias, vivi cada ato, dentro de cada verso, de cada cântico, penetrei em cada um dos seus romances e mistérios, entrei em cada pronome, conjuguei cada verbo, me vi espremido entre consoantes e vogais, respirei cada virgula, parei em cada ponto final.
No final dessa curva multicores de palavras, dentro do pote de ouro de cada história, devorei páginas, livro a livro, poema a poema, verso a verso, estrofe a estrofe, combinei mais uma vez suas palavras, busquei cada visão de mundo, escalando cada rima e fui jogando tudo pelos céus dos meus pensamentos, como numa profusão de raios em meio a uma enorme tempestade.
Até que restou no fundo daquele pote, no final do arco-íris, já meio descolorido pela vida, apenas quatros pequenas letras…
Então juntei todas elas, rapidamente, antes que desaparecessem dentro dos meus sonhos e só então percebi que formavam uma única e pequena palavra…Amor.
José Luiz Ricchetti – 19/07/2022