Crônica: Salto em altura

Crônica: Salto em altura

cabeca-ricchetti Crônica: Salto em altura

Assistindo a prova de salto em altura na recente Olímpiada de Tóquio, me lembrei de alguns famosos atletas da minha cidade natal, São Manuel, muitos deles grandes personagens exatamente no atletismo, modalidade esta que é que mais representa o mundo dos esportes olímpicos.

image-7-683x1024 Crônica: Salto em altura

Entre todos me lembrei do Mário, um sujeito dois por dois, cujo tamanho físico era tão grande quanto seu coração. O Mário, era um funcionário do nosso Clube Recreativo e um grande arremessador de peso. Ele arremessava aquela bola de aço a grandes distâncias na base da força bruta mesmo sem ter grandes técnicas, mas fazia os seus arremessos com o coração.

Depois me veio à mente outros atletas, como o Arnaldo por exemplo, atleta polivalente, cuja maior especialidade era o salto em extensão e que fez enorme sucesso transformando seu esforço e dedicação em uma enorme coleção de merecidas medalhas. Outro que também se destacou no atletismo, através da sua habilidade em saltar foi o Mané, moço alto e longilíneo que chegou inclusive a ser campeão sul-americano de salto em altura.

Lembrando desses nossos atletas e assistindo todas aquelas competições de Tóquio, me fixei no salto em altura e notei como as técnicas haviam evoluído, se comparadas com aquelas que ocorriam nos Jogos Abertos da Alta Sorocabana, durante a minha adolescência, lá pelos idos de 1960/70.

Naquela época os atletas pulavam altura entrando de frente em relação ao sarrafo que é aquela pequena vara de madeira que determina a altura a ser transposta. Mas hoje se percebe que os grandes atletas, os recordistas, pulam de costas em relação ao mesmo sarrafo.

Então fiquei imaginando o tempo em que muitos desses atletas de salto em altura permaneceram pulando sem conseguir aumentar um milímetro no sarrafo, até que algum outro decidiu inovar, teve ousadia e criou o salto com entrada de costas. Com isso ele conseguiu pular bem mais alto que os demais e quebrar recordes.

Nessas horas você percebe, que só então os outros atletas passaram a agir da mesma forma, usando a mesma técnica, quando viram o resultado daquele que se arriscou antes e fez algo inovador.

Normalmente é assim mesmo, os atletas não buscam novas metas, novas maneiras, não ousam novas técnicas, até que olham para o lado e vêm algum outro mais atrevido que se arrisca e faz algo diferente.

Só então, passam a acreditar e ver que é possível se criar algo revolucionário e com isso passam a pensar em novas metas e então se lançam na busca de novos recordes.

Na vida isso não é diferente.

No princípio a gente sempre acha que não vai conseguir alcançar determinado objetivo, até que vemos alguém mais afoito que se lança na frente e o alcança. Essa pessoa mais ousada é que acaba nos mostrando o caminho de que tudo aquilo que sonhávamos era possível.

Nesse momento é que encontramos a motivação, no exemplo, na ousadia e percebemos que é possível seguir em frente, abrir os olhos e ver um novo caminho a seguir, que as barreiras poderão ser transpostas e que podemos ir acima dos nossos próprios limites.

Nessa hora a gente percebe que o mundo só tem coisas boas para oferecer, exatamente para aqueles que têm a ousadia de buscar.

Do mesmo modo tudo que é novo sempre traz junto o medo. Mas mesmo com medo temos que seguir em frente, porque sem o mínimo de ousadia nunca existirá o máximo do sucesso.

E se mesmo assim, não conseguirmos ultrapassar a nova altura do sarrafo e formos para o chão, é preciso cair com classe, se levantar, sacodir a poeira e tentar outra vez.

E se por outro lado, conseguirmos ultrapassar aquela nova altura, é muito bom que o tenhamos feito com ousadia, porque a vida é por demais importante para ser dominada por metas insignificantes.

Assim toda vez que olharmos para a nova altura do sarrafo nos nossos saltos da vida, temos que ser atrevidos e idealizar novas maneiras de ultrapassá-lo, sem nos esquecermos de fazer tudo com muito amor e alegria.

Afinal, como diz um velho ditado espanhol: “Abelhas atrevidas não têm tempo para tristezas”.

José Luiz Ricchetti – 31/09/2021

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thiagomelego

Jornalista por tempo de serviço, Radialista, Administrador, tecnólogo em Recursos Humanos. Estuda Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

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