O tapete da vovó, por José Luiz Ricchetti

O tapete da vovó, por José Luiz Ricchetti

cabeca-ricchetti O tapete da vovó, por José Luiz Ricchetti
70.1-O-tapete-da-vovo-1024x683 O tapete da vovó, por José Luiz Ricchetti

Por estes dias ouvi uma entrevista com um famoso jogador de futebol em que o repórter dizia que ele sim é que podia se considerar um homem feliz…

Afinal, dizia o repórter: “Quem hoje, possui essa fama e fortuna, e ainda tem tantos ‘amigos’ que pode se dar ao luxo de convidar mais de 500 deles, para uma festa de Réveillon, na sua mansão no litoral do Rio de Janeiro”.

A entrevista me fez lembrar de minha avó e da felicidade que ela sempre irradiou e distribuiu pela sua vida, sem ter nada disso.

Naquele momento percebi que a felicidade dela sempre esteve circunscrita ao quadrilátero do tapete da sua sala.

Ela nunca ostentou, nunca fez grandes viagens, nunca se achou melhor do que ninguém. Viveu a maioria do seu tempo, ali na sua casa e foi uma pessoa extremamente feliz.

Sua vida se restringiu por anos e anos a cuidar da família, do marido, dos filhos e dos netos.

Com toda a sua sabedoria e cultura, mesmo sem sair muito de casa, ela sempre ajudou as pessoas, cuidou de dar uma boa educação aos filhos, e ensinou a todos o que é o bem querer.

Quem a conhecia sabia que ela era uma pessoa extremamente feliz!

Sua felicidade, sua alegria era encontrar a alegria nos outros.

Acho que esse era o seu grande segredo de felicidade, pois ela sempre soube distinguir a grande diferença entre ter e ser.

Os exemplos desses famosos, é muito diferente de tudo o que aprendi como necessário para ser gente, sentado naquele tapete da sala, na casa minha avó.

Quando vejo um desses ‘pop star’ expondo na mídia seus carrões e mansões e toda aquela cultura do desconhecimento, como quem não sabe fazer sequer a ‘Letra O’ com o copo, o que me surpreende, não são eles em si, porque ninguém pode dar o que não tem, mas a aguda pobreza de espírito, dos seus milhares de seguidores.

Nessas horas vejo o quanto sou privilegiado de ter aprendido, vendo os exemplos e ensinamentos da minha avó, da educação do bem querer, de buscar a felicidade na alegria dos demais.

De ter aprendido que, durante a vida, os amigos é que nos ajudam a desenvolver a felicidade, ao reduzir nossas dores com o ombro amigo. 

De ter aprendido que só se é feliz quando sentimos que a nossa vida tem um propósito, um sentido.

Quando sabemos que o sol e a lua nascem para todos e todo mundo tem o mesmo direito de ser feliz, mas nós somos responsáveis por isso.

De que não é necessário ter dinheiro, basta apenas fazer alguém sorrir, para ser feliz.

O desperdício da nossa vida está no amor que não damos, no fechar de olhos às coisas erradas, na prudência egoísta de quem evita o confronto, por medo do sofrimento.

Não percebemos, que agindo assim, deixamos de servir e esse é o caminho para perdemos o verdadeiro atalho que nos leva para a vida de felicidade.

A cada ostentação que presencio volto a lembrar dos ensinamentos recebidos naquele tapete da sala, da casa da minha avó, com sua sabedoria estampada naqueles pequenos olhos já cansados.

Aí percebo que foi ali que aprendi a buscar fazer o necessário para ser feliz.

Foi ao redor daquele tapete que aprendi que a felicidade é um sentimento encontrado nas coisas simples da vida e exatamente por ser assim tão simples, muitas vezes as deixamos ir embora, sem ao menos perceber a simplicidade.

Foi ali que aprendi que a felicidade está em transferir o que sabemos e em aprendermos o que ensinamos, e que para ser feliz precisamos nos envolver, nos dedicar por inteiro.

Foi ela que me ensinou que não se deve sofrer pelo pouco que nos falta, mas que se deve aprender a utilizar melhor o muito que já temos.

Foi ela que me disse que a felicidade só existe, quando tudo aquilo que pensamos, dizemos e fazemos está em plena harmonia com nossa alma.

Quando aprendemos com cada derrota e somos humildes em cada vitória.

Afinal é a beleza do simples que faz com que o exagerado pareça efêmero!

José Luiz Ricchetti – 03/01/2021

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thiagomelego

Jornalista por tempo de serviço, Radialista, Administrador, tecnólogo em Recursos Humanos. Estuda Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

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