Lições da minha Bisavó, por José Luiz Ricchetti

Lições da minha Bisavó, por José Luiz Ricchetti

cabeca-ricchetti Lições da minha Bisavó, por José Luiz Ricchetti
image-6 Lições da minha Bisavó, por José Luiz Ricchetti

Desde pequeno eu frequentava muito a loja do lado materno da minha família, na minha cidade natal, São Manuel, a Casa Ricchetti, que era um grande magazine.

Todos os que frequentavam ou iam comprar alguma coisa lá, talvez se lembrem daquela senhora italiana idosa, que ficava observando a tudo e a todos, sentada em sua cadeira cativa, atrás do balcão, perto do caixa. Ela se chamava Maria Joana Ricchetti, era a minha bisavó.

Eu adorava conversar com ela e talvez eu fosse um dos poucos que ainda o fazia e que lhe dava a devida atenção, dado a sua idade bastante avançada. Em suas falas ela costumava misturar o seu italiano com um pouco do português e eu ainda menino, achava divertido ouvir aquela língua que me parecia bastante estranha. Mesmo assim nos entendíamos perfeitamente e grandes lições de vida eu recebi.

Aos poucos eu fui aprendendo com ela um pouco do italiano e graças a essas conversas é que lhe devo também a facilidade que tenho com essa língua, principalmente na boa dicção e no entendimento verbal.

Essas minhas conversas com a minha bisavó foram se aprofundando com o tempo e praticamente todos os dias nós conversávamos, não só na loja, mas principalmente no trajeto de idas e vindas ao pequeno sítio que meu tio avô Hermínio, tinha bem perto da cidade, um percurso que fazíamos todos os dias, no final da tarde, eu, ela e meu tio e sua esposa a tia Nenê.

Meu tio tinha uma perua Kombi e eu ia sentado com ela no primeiro banco, logo atrás do banco do motorista e ela sempre me pegava na mão e começava a falar muita coisa, que confesso naquela época não dava a devida importância, mas que por essa facilidade, graças a Deus, de guardar coisas da infância e juventude, comecei a me recordar o que escutei dela nesses vários anos, nesses passeios vespertinos.

Foi através dessas conversas, ao pé do ouvido, que aprendi que a nossa maior visão é a gentileza, que não importa quantas vezes você se sinta derrotado, mas quantas vezes você se levanta e continua a caminhar, que o nosso melhor ganha-pão é o quanto conseguimos obter, que a nossa vida é o quanto nós conseguimos dar e que para se ter um amigo você precisa ser amigo antes.

Ela me ensinou também que o nosso melhor começa dentro de cada um de nós, que nem sempre as pessoas acreditam no que você diz, mas elas sempre irão acreditar naquilo que você faz e que quando se erra, o melhor é extrair do erro a grande lição.

Com ela aprendi a nunca desistir de nada. Ela me dizia que eu devia seguir sempre em frente e procurar fazer tudo aquilo que eu achava não ser capaz.

Ela me dizia, você não precisa começar a fazer algo enorme na vida, mas precisa começar assentando a primeira pedra, mesmo que a construção lhe pareça difícil.

A força para fazer algo está sempre dentro de você, basta encontrá-la e mover essa primeira pedra, que tudo o mais acontecerá.

E talvez o que mais me marcou, foi o dia, em que percebi que ela já estava começando a perder a memória e a própria consciência, mas mesmo assim o que ela me disse tenha sido o seu último e valioso conselho que procuro seguir até hoje e que me motivou a compartilhar todas essas passagens e aprendizados com vocês:

“Nunca se esqueça que se você tem uma luz para iluminar o caminho, deve sempre compartilhá-la com os demais, pois você só será feliz se espalhar a sua própria felicidade”

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thiagomelego

Jornalista por tempo de serviço, Radialista, Administrador, tecnólogo em Recursos Humanos. Estuda Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

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